Conceitualmente, convém esclarecer que a palavra Vereador, segundo as lições do mestre De Plácido e Silva, “designa
a pessoa que é colocada para vigiar, ou cuidar do bem e dos negócios do
povo, ditando as normas necessárias a esse objetivo.
Destarte,
é o Vereador um agente político investido num mandato inicial de 4
(quatro) anos, pelo sistema partidário e de representação proporcional. Em
resumo, trata-se de um agente político que desempenha, no âmbito do
município, um mandato parlamentar, assemelhado ao dos parlamentares
federais e estaduais, apenas limitado ao território do Município e aos
assuntos de seu peculiar interesse.
O Vereador, em geral, é mais conhecido que sua filiação partidária. Por isso, o partidarismo mais dele recebe do que lhe dá.
Em geral, seu exercício cívico proporciona caras conquistas
democráticas, dentre as quais sobressai o dispositivo constitucional que
albergou a tradição e impôs a simultaneidade das eleições municipais em
todo o território nacional.
A participação do Vereador nos trabalhos da Câmara Municipal confere a este agente político um papel dúplice, um verdadeiro “direito-dever”.
Ou seja, por um lado trata-se de um direito individual resultante de
sua investidura no mandato e, por outro, nada mais é senão um dever para
com a coletividade que o elegeu como seu representante e que, por isso
mesmo, o quer atuante em defesa dos interesses coletivos.
Primitivamente, os Vereadores tinham funções administrativas e
judiciárias, tais quais os centuriões da era romana. A origem histórica
de seu mandato se prende às lutas pela instituição do governo comunal.
Foi preciso que os principais da comunidade escolhessem, dentre eles,
uns poucos para representá-los na estrutura governativa que se criava,
já que impossível a participação direta de todos no governo.
A
idéia desse mandato primitivo foi trazida para o Brasil junto com a
colonização portuguesa, sendo que, no início, estes desempenhavam
funções meramente administrativas, passando, afinal a legislar e
fiscalizar.
Conforme
sabemos, no sistema municipal não cabe ao Vereador administrar
diretamente os interesses e bens do Município, mais apenas
indiretamente, votando leis e demais proposições ou apontando
providências e fatos ao Prefeito, através de indicações, para a solução
administrativa conveniente.
Nos dizeres do sempre lembrado Hely Lopes Meireles, “tratando-se
de interesses locais não há limitação à ação do vereador, desde que
atue por intermédio da Câmara e na forma regimental”.
Sistematizando suas funções, basicamente o papel do vereador consiste em legislar, fiscalizar, sugerir e representar.
3.1 – Legislar
Consiste em sua função precípua, ou seja, nada mais é senão a função típica conferida a qualquer membro de legislativo.
Para
isso, elaboram projetos, de acordo com a competência descrita nos
incisos I e II, do artigo 30, da Constituição Federal, bem como
apresentam outras proposições que são votadas na Câmara durante as
sessões ordinárias e/ou extraordinárias.
3.2 – Fiscalizar
Conforme
aponta o mestre Kildare Carvalho, dentro do Estado Democrático de
Direito, esta é a mais importante função do Vereador, voltada para o
controle e a fiscalização dos atos do Executivo, impedindo-lhe os
abusos.
Em complemento, Pedro Lenza ressalta que a Constituição de 1988 consagrou “um
sistema harmônico, integrado e sistêmico de perfeita conveniência entre
os controles internos de cada Poder e o controle externo exercido pelo
Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas (art. 74, IV)”.[7]
A
fiscalização ocorre, por meio da atuação nas comissões especiais e em
prol do bom uso do dinheiro público, discussão e aprovação do Orçamento
Anual e da Lei de Diretriz Orçamentária que planeja onde e como aplicar o
orçamento do Município.
Em
suma, a função fiscalizadora da Câmara pode ser exercida
individualmente por seus membros, por comissão permanente designada para
esse fim ou por comissões especiais de investigação, que levarão à
consideração do plenário o que souberem ou o que apurarem sobre a
atuação político-administrativa do Prefeito, como chefe do Executivo
municipal, para que se lhe aplique a sanção correspondente, na forma e
nos casos previstos na Lei Orgânica Municipal.
3.3 – Sugerir
A função de sugerir se aplica às questões em que os Vereadores não possam apresentar um Projeto de Lei.
Aludida
função se materializa através da “Indicação”, servindo de alerta ao
Executivo sobre determinada necessidade da população, estimulando as
providências cabíveis.
3.4 – Representar
Além de sugerir, compete ao Vereador, ainda, a função de verdadeiro “porta voz da população”, do partido que representa e de movimentos organizados de um modo em geral.
Desta
forma, cabe ao parlamentar não só fazer política partidária, mas também
organizar e conscientizar a população. A realização de seminários,
debates e audiências públicas são funções dos parlamentares que
contribuem neste aspecto, pois funciona como “caixa de ressonância” dos interesses gerais da população.
Por último, convém destacar, que, nos dias de hoje, a função do Vereador ganhou uma relevância ainda maior.
Ao que parece referida situação se deve a uma razão muito simples: nos últimos anos houve um notório aumento das competências delegadas aos Municípios.
Ou
seja, de um modo geral, a cada dia que passa vem ocorrendo à
descentralização das tarefas do Estado brasileiro e tais atividades
estão passando para a esfera municipal. Esse movimento descentralizador
faz com que o Município se depare com situações novas e que, por óbvio,
carecem de um regramento legislativo.
Como
é de se imaginar, referido regramento compete ao Poder Legislativo
local. Daí o porquê da maior relevância do Legislativo Municipal nos
dias atuais.