sexta-feira, 9 de julho de 2010




Dilma promete diminuir contribuições previdenciárias das empresas



Presidenciável do PT critica “situação perversa” que faz com que empresas que empregam mais paguem mais tributos



A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, participou na manhã desta sexta-feira (9) de uma entrevista à Rádio Tupi, no Rio de Janeiro. Além de apresentar promessas de governo, a petista falou sobre o clima da campanha eleitoral, que começou oficialmente no último dia 6. Ela reconheceu que errou ao não ler o programa de governo elaborado por seu partido, entregue ao TSE após mudanças impostas pelo PMDB. Ela também anunciou que pretende desonerar a folha salarial reduzindo a incidência das contribuições previdenciárias proporcionalmente ao número de empregados. Segundo ela, quem empregar mais vai pagar menos.







Ao comentar sobre o patrimônio de R$1,3 milhão que declarou ter ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dilma afirmou que não pertence a uma das famílias mais ricas de Minas Gerais, onde cresceu, e que foi criada em uma família de classe média.



Abaixo, você acompanha os principais trechos da entrevista.



Escolas e ensino profissionalizante - "De 2003 a 2019, o governo do presidente Lula terá entregado 214 novas escolas. Já tem 136. Construímos em oito anos mais do que foi construído em 100 anos. Mas ainda é pouco. Com essas escolas, teremos 250 mil vagas. Nossa proposta é dobrar o número de vagas até 2014".



Bolsa Família - "Para nós, programas sociais não são um anexo, um apêndice. É o centro da nossa política. Hoje a Bolsa Família atende a quase 12 milhões de famílias. Eu pretendo ampliar para tantas famílias quanto forem necessárias. Mas é preciso cadastrar, tem todo um processo de cadastramento por meio de municípios e da Caixa Econômica Federal. E as famílias precisam colocar as crianças na escola, e manter a frequência. As mães ainda precisam vacinar seus filhos. Então, São Paulo é um caso, a prefeitura não cadastrou. No Rio, em contrapartida, temos quase 100% de cobertura do programa.



SUS - "Não sei explicar por que até hoje não temos o cartão SUS. É melhor perguntar para um carioca, que é o ministro Temporão (da Saúde). O que posso dizer é que eu sou a favor do cartão, porque ele garante melhor transparência, traz o histórico dos últimos exames das pessoas, é fundamental para a gestão. Eu vou implantar."



Copa 2014 e Olimpíada 2016 - "Foi uma imensa conquista. As transformações começam por um programa de mobilidade social. No Rio, por exemplo, estamos investindo no deslocamento do aeroporto (internacional) para os hotéis, e também em obras para a população ter acesso aos estádios. Mas temos obras no Rio e em todas as cidades que vão sediar a Copa. Tem ainda a parceria do BNDES para financiar as obras nos estádios. E o BNDES também está financiando recursos para a reforma e construção de novos hotéis."



Crédito - "Ampliamos o crédito. Antes do governo do presidente Lula, o crédito no Brasil era de R$ 400 milhões. Hoje é de R$ 1,4 trilhão. Antes era direcionado para privilegiados, agora, não. Aumentou para os agricultores, para as donas de casa e para a indústria também. Em 2008, quando a crise estourou mundo afora, o Brasil crescia com distribuição de renda. Então, com a falta de crédito que a crise gerou, nós tivemos o cuidado de colocar crédito no país. Os nossos bancos públicos, o BNDES, a CEF, o BB, o Banco do Nordeste e de Amazônia colocaram dinheiro no setor privado para que a gente pudesse ser o último país a entrar na crise e o primeiro a sair. E fomos o primeiro a sair da crise"



Empregos - "Ano passado, em meio à crise, nós geramos quase um milhão de empregos e este ano vamos chegar a mais de dois milhões. O total desde o início do governo do presidente Lula será perto de 14 milhões, se é que a gente não vai passar desse número, porque já estamos em 13, 2 milhões de empregos."



Empresas de porte internacional - "Não adiante ir para o mercado internacional com petroquímica pequena. Não fizemos fusões para garantir que o Brasil tivesse empresa de porte internacional e padrão global. Tem gente que olha o Brasil e pensa um Brasil pequeno. Hoje é um país com 190 milhões e tem que ter uma política de desenvolvimento para esses 190 milhões".



Visão pequena - "Sistematicamente tem gente que faz a política do quanto pior, melhor. Na hora em que a crise bateu forte, o presidente Lula falou que ia ser marolinha, e não um tsunami. E no Brasil não foi um Tsunami. Tem gente que aposta sempre contra o país, acredita que nós não vamos dar conta. Uma das características do governo presidente Lula, e do meu governo, é que a gente acredita que só se faz um país quanto mais acreditar e ousar. Se, em 2003, alguém te falasse que ia pagar dívida externa, quitar a dívida com FMI e acumular US$ 253 bilhões de reserva, você não acreditaria, porque nós passamos 20 anos falando "Fora FMI", mas não conseguiram tirar o FMI. Nós não só pagamos ao fundo, como hoje emprestamos para o FMI. Tem gente que diz que é absurdo fazer trem de alta velocidade ligando o Rio de Janeiro a São Paulo. Tem cidades de menor porte pelo mundo que fizeram, por que nós não podemos fazer? Porque é uma visão pequena! Esse trem vai criar áreas de desenvolvimento e mobilidade, de desconcentração habitacional, e ao mesmo tempo vai permitir que uma pessoa more fora do Rio e trabalhe no Rio. E, além do mais, se não profissionalizar o estado, contratar professor, médicos, agentes de saúde, merendeiras para escolas, você não terá um estado com condições de executar aquilo que ele é obrigado a fazer".



Plano de governo - "O PT fez um congresso em fevereiro e aprovou uma proposta. Nós fizemos, em cima dessa proposta, as correções que a campanha achava que precisaria fazer. Construímos um programa provisório até que todos os partidos mandem suas contribuições que serão integradas ao programa final. Quando fomos registrar a chapa no TSE era necessário apresentar os documentos. Até o dia do registro quem coordena a campanha é o partido. O que fizeram? Pegaram toda a documentação e me enviaram. Disseram-me que estava tudo pronto, como o combinado. Eu não assinei, porque não tem documento a ser assinado. Eu rubriquei páginas. Eu não achei que era o de fevereiro. Foi um erro. Quem acha que não erra é um presunçoso. Quando errarmos, temos de falar que foi um erro e tomar providências para não errar outra vez. Os meus adversários, aliás, "o" meu adversário, sistematicamente erra. Por exemplo... Não vou dar exemplo, porque não é minha função."



Desonerar folha salarial - "Vamos fazer por meio das contribuições previdenciárias. Qual é o problema da folha salarial? No Brasil temos uma situação perversa, quem emprega mais, paga mais tributo. O que propomos é não deixar que isso ocorra. Vamos diminuir incidência de contribuições previdenciárias proporcionalmente ao número de empregados. Vai incidir na previdência, mas ao mesmo tempo amplia a base de contratação. No médio prazo, não pode desonerar zero, porque quebra a Previdência, mas estudos apontam que haverá uma base maior de contratação. Até que isso ocorra é necessário que o Tesouro Nacional reponha essa diferença".



Endividamento público - "Vem diminuindo. A dívida líquida sobre PIB era de 60%. Nós reduzimos. Agora ela está em 42% e diminuindo. Toda nossa projeção é de queda sistemática do endividamento público. Inclusive, deixamos pronto o PAC 2, que prevê creches, UPAs 24h, e essa previsão está baseada no fato de que estamos reduzindo endividamento".



Segurança pública - "Eu acho que tem que aumentar o salário dos delegados. Acho que estado só vai combater direito o crime organizado se pagar bem seus agentes de segurança pública, inclusive os penitenciários. Fizemos isso no plano federal, com a Polícia Federal. Não vou falar do salário dos policiais federais porque compromete a questão estadual. No plano federal, fizemos a Bolsa Formação: damos R$ 400 aos policiais dos estados que queiram se formar."



Vida abastada - "As pessoas fantasiam muito. Meu pai era engenheiro búlgaro, morreu quando eu tinha 14 anos. Minha família não era a das mais ricas de Minas Gerais, de jeito nenhum. Fui criada pela minha mãe, que vem de uma família classe média baixa. Não tivemos grandes necessidades, nem grandes luxos. Fui de uma família de classe média, mas eu não teria problema de ser rica. Não acho que a sensibilidade social das pessoas deriva da origem do que aconteceu com elas. Vi que tinha pessoas carentes e convivia com elas. Essa situação de desigualdade, quando a gente é jovem, é uma imensa indignação. Essa sensibilidade se adquire porque você vê com maior nitidez o mundo que te cerca. Eu vi o mundo que me cercava com bastante nitidez, e acho que participei de todas as tentativas de mudar o país." IG.

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