"Para fomentar o debate sobre a emancipação dos Estados do Carajás e
Tapajós - hoje, regiões situadas no Pará - entrevistamos João Batista,
presidente do PT no Estado. Ele convoca todos os petistas da região: o
tema será debatido em junho durante o Congresso Estadual do partido.
[Zé Dirceu]João, qual sua avaliação do plebiscito sobre a emancipação de Tapajós e Carajás?
[ João Batista ] O Pará é um Estado de dimensão continental. Ao
longo dos anos, os governos concentraram sua atuação na região
metropolitana e abandonaram as demais, como Carajás e Tapajós. Durante a
gestão da ex-governadora Ana Júlia, o governo passou a ver o Estado
como um todo, atento à integração, por meio de serviços e obras. Tapajós
é uma região mais antiga. Por conta da distância em relação à capital,
os povos originais que nasceram ali viveram anos de abandono. Já,
Carajás sofre influência da migração de trabalhadores de outros Estados.
A região agrega mineiros, goianos, paranaenses, gaúchos e tem pouca
identidade com a cultura paraense. Essas questões culturais, políticas e
geográficas nas duas regiões convergem para o objetivo de criação de um
Estado e capital próprios.
[Zé Dirceu]Como o PT-Pará se posiciona a respeito?
[ João Batista ] Nós apoiamos o plebiscito. É uma ótima saída. Nós
temos várias lideranças, PT local e prefeitos a favor da emancipação. Da
mesma forma, há pessoas contra a emancipação. O PT-Pará é a favor do
plebiscito. As bancadas estadual e federal vão pautar o tema no Encontro
Estadual marcado para junho. Programamos reuniões com as duas regiões
separadas, inclusive, para decidir como entraremos na campanha e como as
lideranças vão deliberar. O objetivo é encontrar o meio termo para
evitar constrangimentos, manter a unidade do partido e decidir como o PT
agirá frente às diferentes posições.
[Zé Dirceu]Quais são as principais dificuldades dessa causa?
[ João Batista ] Nosso partido tem de lidar com o fato de serem
regiões que concentram a maior parte da riqueza do Pará - reservas
minerais (ouro, ferro, cobre, bauxita) e de madeira, além dos serviços.
Essa realidade cria o temor de o Pará original ficar mais pobre.
Teremos, portanto, uma disputa dura. Carajás e Tapajós concentram em
torno de 40 a 45% da população do Estado. A emancipação traz, também,
uma situação delicada para o Congresso em termos de representação e de
manutenção do equilíbrio dos parlamentares.
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