Em qualquer regime democrático pelo Mundo, bem como no Brasil, o
instrumento “intervenção” de órgão superior em órgão inferior é uma
medida de exceção, utilizada apenas com um fim específico de corrigir
alguma irregularidade. Os artigos 34 e 35 da Constituição Federal tratam
a intervenção pela partícula negativa “A União não intervirá…” “O
Estado não intervirá”. Isto é assim porque deve ser respeitado e
preservado a escolha de dirigentes pelo processo democrático. Imaginem
se o Governador resolve intervir a torto e a direito em municípios onde
seus adversários foram eleitos e estão desagradando? Ou se a presidenta
Dilma resolvesse afastar Tucanos que não cumprem com suas obrigações?
No
caso da intervenção feita na Seccional do Pará, o Conselho Federal
atendeu um pedido da subseção de Altamira que denunciava irregularidades
na venda de um terreno para um conselheiro por preço abaixo do mercado.
Decretada a intervenção, nomeado os interventores, pressupõe-se que
eles chegarão aqui para desfazer a transação e repor o patrimônio à
Subseção.
Os interventores escolhidos pela direção federal, após
sessão secreta do Conselho, ao chegarem a OAB-Pará para cumprir o
decreto da intervenção, encontrarão o seguinte fato: não houve a venda
do terreno e se não houve a venda do terreno, não há motivo para
intervenção, salvo se a intervenção foi utilizada apenas para punir os
dirigentes da OAB-Pará não alinhados ao presidente nacional Ophir
Cavalcante Jr.
Sim, mais e a falsificação da assinatura do
vice-presidente na procuração, perguntarão os generais da OAB Federal?
Saberão que a direção estadual abriu procedimento, afastou a funcionária
e mandou o caso para Polícia Federal apurar. Bom, dirão os generais
federais, mas há de haver irregularidades nesta administração, estamos
lendo aqui neste Jornal Diário do Pará que nos foi entregue dentro da
sessão secreta, e deve ser coisa feia, pois se não, não teríamos
decidido pela intervenção. Digam logo, que merda vocês fizeram aqui?
Temos que ter um motivo que justifique um ato inédito e de força destes.
Alguém
lá do fundo da sala dirá: a administração merece sim sofrer esta
punição e ser afastada, onde já se viu desagradar tanta gente assim e
tão pouco tempo? Antes desse povo da OAB de Todos nossa Ordem viva de
braços dados com os desembargadores, recebi ajuda do Governador, do
Prefeito e dos grandes grupos econômicos. Os políticos todos nos
adoravam. Recebíamos as denuncias da população, dávamos entrevistas e
engavetavamos o caso. Os advogados não recebiam nossa atenção, mas
também os TEDs não funcionavam bem. Os grandes escritórios podiam
trabalhar livremente. Os diretores da Ordem não ganhavam salários, mas
tinham lá suas compensações, e que compensações: cartões corporativos
para fins de semana em grandes restaurantes, celular de até dez mil por
mês, carro com gasolina e motoristas e outras benesses do cargo.
Depois
que estes idealistas chegaram aqui, tudo mudou tão rápido que nós
tivemos que tomar providências. Imaginem, Interventores, que eles
brigaram com o Judiciário por causa de um tal TQQ; denunciaram o
Tribunal para o CNJ, isso não se faz; querem acabar com o nepotismo
cruzado, e os nosso meninos? exigiram do MPE apuração dos escândalos da
Assembléia Legislativa; brigaram para o cumprimento da Lei da Ficha
Limpa deixando o coitado do Senador Jader Barbalho sem mandato; cortaram
todas as mordomias dos dirigentes da OAB, no tempo do Ophir e da Ângela
vivíamos bem com esses benefícios, por que cortar agora? pagaram a
dívida de dois milhões que deixamos e ainda tiveram saldo em caixa;
reinauguraram salas de advogados melhores que as nossas; construíram
sede para as subseções pelo interior; fizeram funcionar os TEDs;
fortaleceram as comissões, principalmente a de prerrogativas; ficaram
cobrando o cumprimento das condicionantes de Belo Monte, que absurdo;
realizaram a maior conferência de advogados do estado, ainda bem que
impedimos a vinda do Ministro Cezar Peluso ao Pará. Se a gente não toma
providências e pede essa intervenção, onde iria parar tudo isso?
Os
Interventores concluirão que devem punir e punirão aqueles que ousaram
acreditar que a OAB era única instituição que podia lutar em defesa dos
advogados e do povo sofrido do Estado do Pará. Mas os advogados sabem o
que aconteceu de fato e o judiciário será chamado a decidir. Nós devemos
segurar o cajado e o braço dos nossos moisés para continuarmos
atravessando o mar, para fora do Egito, até o caminho da libertação.
Recomendo a leitura do Blog A Perereca da Vizinha,
da brilhante jornalista “tucana”, mas jornalistas do que “tucana” Ana
Célia Pinheiro, como escreve bem essa moça, eu queria ter uma filha
assim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário estaremos publicando depois de aprovado.