O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que votou em Serra em 2010 e não durou sete meses no governo Dilma
O
ministro da Defesa, Nelson Jobim, entregou na noite desta quinta-feira 4
a sua carta de demissão à presidenta Dilma Rousseff. A informação foi
repassada à imprensa pela ministra-chefe da Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República, Helena Chagas.
O governo federal já tem o nome do substituto do agora ex-ministro: será o ex-chanceler Celso Amorim, atual colunista de CartaCapital. De acordo com o blog do Planalto, ele já aceitou o convite.
A
troca no comando do ministério foi definida após a divulgação de uma
entrevista concedida à revista Piauí na qual Jobim desferiu novas
críticas gratuitas a colegas de governo. Na ocasião, ele classificou a
ministra das Relações Institucionais Ideli Salvatti como “fraquinha” e
declarou que Gleisi Hoffman (Casa Civil) “nem sequer conhece Brasília”.
Diante
da nova demonstração de apreço ao governo, dias após declarar que votou
em José Serra (PSDB) nas últimas eleições, a presidenta Dilma Rousseff
mandou, no início da tarde, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB)
buscar o ministro Nelson Jobim em Tabatinga (AM), onde ele cumpria
agenda. O avião o levou para Brasília, onde até mesmo as pedras da
Esplanada dos Ministérios sabiam que já não havia clima para ele. Sua
conversa com a presidenta durou três minutos. Foi a terceira baixa na
equipe da presidenta em sete meses de governo. Antes dele já haviam
deixado o Planalto os ministros Antonio Palocci (Casa Civil) e Alfredo
Nascimento (Transportes).
Desta
vez, não adiantou a Jobim declarar, em sua visita à Amazônia, que a
afirmação atribuída a ele, e alardeada durante todo o dia nos sites de
política do País, estava fora de contexto. “O que nós comentávamos era o
projeto de lei sobre informações sigilosas. Em momento nenhum fiz
referências dessa natureza”, disse, pouco antes de embarcar no avião,
pela última vez como ministro.
As
declarações à revista Piauí foram as últimas de um verdadeiro festival
de bobagens ditas pelo agora ex-ministro desde o começo do governo Dilma
Rousseff.
A
primeira aconteceu durante uma homenagem pública aos 80 anos do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando Jobim citou Nelson
Rodrigues para criticar o governo do qual fazia parte. “Ele (Rodrigues)
dizia que, no seu tempo, os idiotas chegavam devagar e ficavam quietos.
O que se percebe hoje, Fernando, é que os idiotas perderam a modéstia. E
nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que
são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento”.
A
segunda bateria do fogo amigo aconteceu em entrevista a um programa do
portal UOL, no qual declarou ter votado em Serra nas eleições para a
presidência em 2010, e não na atual chefe, Dilma Rousseff.
Nesta quinta estourou a polêmica da entrevista para a revista Piauí, que culminou, finalmente, com a sua demissão.
O substituto
O
novo ministro da Defesa, Celso Amorim, é diplomata e foi ministro de
Relações Exteriores no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele
trabalhou no governo de Fernando Henrique Cardoso e, de forma interina,
no governo de Itamar Franco.
Amorim
nasceu no dia 3 de junho de 1942, em Santos (SP). Formado pelo
Instituto Rio Branco, em 1965, ele se pós-graduou na Academia
Diplomática de Viena, em 1967.
Amorim
não é o primeiro diplomata a assumir o Ministério da Defesa. O primeiro
foi José Viegas Filho, que foi ministro de Lula, mas deixou o cargo por
divergências com comandos militares. Viegas, na época, foi substituído
pelo então vice-presidente, José Alencar, que acumulou as duas funções.
A
atuação política de Amorim começou no PMDB, mas em 2009, durante o
governo de Lula, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores. No governo de
Lula (2003 a 2010) ele esteve à frente da política exterior.
No
governo de Fernando Henrique, em 1995, Amorim chefiou a missão
permanente do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1999,
ele assumiu a missão brasileira na Organização Mundial do Comércio
(OMC), em Genebra, Suíça. Em 2001, Amorim passou a embaixador brasileiro
no Reino Unido.
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